Depois de um dia inteiro de corre-corre, não tive, confesso, muita paciência para ver todos os desfiles previstos para hoje. não porque eu não goste do trabalho dos estilistas, mas é porque eu estava (e estou) bem cansado desses dias inteiros no Centro de Convenções.
Enfim, a vida é feita de escolhas. Isso é fato. Descidi escolher ver as apresentações dos designers que mais me chamaram a atenção no ano passado. E (posso dizer??!!) não me arrependo. Vamos lá.
Conexão Solidária - por Lindeberg Fernandes
Quando me falaram da parceria entre o Lili (como é conhecido por muitos que o conhecem) e a Conexão Solidária pensei: "pode se preparar, Pedro Oliveira, daí vem coisa boa". E o histórico do estilista não me deixa mentir. Famoso por utilizar o que a de melhor no nosso patrimônio cultural, ele, como poucos, sabe unir design de qualidade a peças que fazem parte do nosso cotidiano nordestino. Lendo o release da coleção, vi que o que pensava se tornaria realidade. O que dizer de uma pessoa que viaja por quase todos os estados nordestino procurando o que há de melhor do artesanato de cada local? O que dizer de uma pessoa que se despi dessa imagem glamourosa do mundo da moda e dá espaço para que as próprias artesãs recebam o merecido reconhecimento pelo seus trabalhos? Lindeberg, ou Lili somente, é sim pra mim 'o cara' da moda aqui de Fortaleza. E não pensem que isso é 'puxa saquismo'. Vamos dar a César o que é de César, não é??!
Enfim, sem mais delongas, a coleção realmente estava espetacular. A cartela de cores (rosa, azul, laranja, terrosos, etc), fincou as raízes na cultura nordestina, remetendo-nos ao interior, a roupa feita pelas avós, com crochês, richiliês, rendas e bordados (muitos bem trabalhados). Utilizando de uma alfaiataria bem peculiar da região, o estilista optou pelas camisarias masculinizadas, saias desconstruidas, shorts curtos, decotes em 'V', tanto para os homens quanto para as mulheres, sendo que para essas esse decote aparece nas costas. A coleção foi, por si só, um misto entre religiosidade, lembranças sertanejas e a feminilidade encontrada no sertão nordestino. Feminilidade essa encontradas nos looks que remetiam as camisolas, com detalhes de renda e com mangas bufantes presas ao punho. Tudo muito bem executado. Tudo muito lindo. Sem contar com a trilha sonora, super alegre e a cara do nosso estado. Muita emoção ao final do desfile, quando entraram todas as representantes dos grupos de artesãos com os quais o estilista trabalhou. Enfim, PARABÉNS, Conexão Solidária. Mas uma vez, foi mostrado que o artesanato e nossa cultura não é brega e nem somente item de decoração de turistas. Inspiremo-nos nesse trabalho e tentemos dar uma cara nova ao que é nosso por direito.
Melk Z-da
O segundo (e último) desfile escolhido do dia foi o do estilista pernambucano Melk Z-da. Novamente, ele que sabe fazer o que se propõe a fazer com esse desfile (que já tinha apresentado na Fashion Rio desse ano). Então, nada de grades surpresas. Mentiria se dissesse que não gostei. O fato é que a coleção, inspirada na ilha de Fernando de Noronha, está super bacana, com muito trabalho de texturas, brilhos, pedrarias, plumas, descontrução de peças, simetria e assimetria e zípers. Aliás, muitos zípers, que foram montados em tecidos leves (creio que chiffon), remetendo a essa dualidade do leve com o pesado. Na cartela de cores, desde o branco, passando lindamente pelo off-white, amarelo, cinza, azul, alaranjado até chegar no preto clássico. Muito bom o trabalho com estruturas, tanto (e principalmente) nas mangas como em vestidos e blazzers. Enfim, um desfile lindo, de, como se diz por ai, encher os olhos. Ah, detalhe também para algumas peças que, se eu não me engano, ganharam uma nova 'roupagem' das que foram apresentadas no Fashion Rio. Quer ver? Compare AQUI!
Fotos: DFhouse
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Lindenberg me arrazou pelo youtube... linkei vc no post, adorei o que escreveu..
abraço.
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