A chuva com Núbia
My Little Toy
Verão + Sol + Mar = Moda Praia
A moda praia é um segmento da indústria do vestuário que vem crescendo bastante nas últimas décadas. Desde sua invenção, em 1946, pelo francês Louis Réard, o biquíni, produto mais conhecido nessa área, vem sofrendo grandes intervenções, de acordo com a época e os costumes que as caracterizaram. Essas modificações também são ocasionadas devido a grandes avanços no desenvolvimento de materiais que possibilitam maior conforto e durabilidade as peças de moda praia. Assim, diferentes fibras e maquinários surgiram, e estão surgindo, proporcionando aos consumidores uma garantia na qualidade do produto.
Um dos países que mais investe dessas inovações é o Brasil. Desde a vinda do biquíni para as ‘terras tupiniquins’, na década de 50, a industria nacional tem investido massivamente na tentativa de levar a moda do nosso país para o exterior, divulgando um pouco de nossa cultura, natureza e maneira de viver.
Hoje, o Brasil desponta no lançamento de tendências na moda praia, indo desde o tradicional biquíni, até bolsas, calçados, saídas de praia, bijuterias e etc., que complementam o look praiano. As marcas brasileiras que mais se destacam no cenário nacional e internacional são a Lenny, Água de Coco, Salinas e a Cia. Marítima, que ditam tendências em grandes semanas de moda, como a de New York, São Paulo, Milão, dentre tantas outras.
Como não poderia deixar de ser, o Ceará é um dos grandes produtores de moda praia. Sua exuberante extensão litorânea e seu clima notadamente praiano proporcionam uma maior divulgação desse tipo de vestuário, atraindo milhões de turistas em busca de diversão, sol e paisagens tipicamente brasileiras. Segundo a ABIT, ao todo, 2,3 mil empresas são voltadas ao segmento de beachwear no País e, parte delas, integram os pólos brasileiros de moda praia, como o de Itapajé (CE), Natal (RN), Salvador (BA), Brasília (DF), Vila Velha (ES), Rio de Janeiro (RJ), São José (SC) e Sarandi (PR). Todos os pólos produzem, além de sungas, maiôs e biquínis, artigos relacionados ao segmento, como cangas, saídas de praia e shorts.
Aproveite o sol, tire o biquini da gaveta e curta o verão e a democratização ditada pelas tendências.Abraços
Desenho de Moda - Grayson Perry
To Lee, With Love
Futurismo&Moda
EMOS: Suas Origens, Concepções, Ideais e Estilo de Vida*
CULTURA EMO: SURGIMENTO
De acordo com Helal (2010), a criação dos diversos grupos juvenis sofreu grande aumento no final do século XX, em conseqüência da fragmentação cultural, o que possibilitou o surgimento de grupos ligados por idéias, causas e comportamento, sendo uma maneira dos adolescentes representarem seu estilo, vivenciando o pertencimento de grupo. O mesmo autor defende a idéia de que o aparecimento de tribos urbanas está relacionado a uma alternativa diante daqueles grupos formais existentes na sociedade (família, igreja, etc.), uma vez que esses deixam de representar o modo de vida do mundo em que vivemos atualmente.
É nesse contexto de modificações na nossa estrutura social que aparecem os Emos, abreviação da expressão em inglês Emotional Hardcore, que foi dado ao estilo musical influenciado pelo Punk. A música Emo surgiu na década de 80, em Wahington DC, misturando o som pesado com letras românticas e introspectivas, tratando de temas como brigas entre namorados, conflitos familiares e revolta contra o sistema político vigente. Dentre as bandas que participaram da criação desse estilo, podemos citar a Rites of Spring, Embrace e 7 Seconds and Scream que tinham um som parecido com o Punk, mais com um ritmo mais leve e, como citado anteriormente, com letras mais introspectivas. (SIMÃO, 2008)
Segundo Nogueira (2008), o surgimento da tribo Emo é uma conseqüência assistida depois da Segunda Guerra Mundial, assim como vários outros grupos. Esses tentavam, através da música, mostrar toda sua indignação diante do horror trazido pelo regime em que se encontravam. A mesma autora trata do surgimento da cultura Emo como a fusão do jeito de ser rebelde dos Punks do final dos anos 70 com o Indie Rock, característico dos anos 60, que expressava uma maneira mais comportada.
Com o passar do tempo, houve algumas modificações na estrutura principal que guiava o estilo de música Emocore. Abandona-se a batida pesada e o som grosseiro do Punk e adota-se de uma vez por todas a estética mais suave, mais melodramática, com letra e tom musical bem romântico. (SIMÃO, 2008)
É com essas fusões de estilos e modos de ser que o Emocore chega ao Brasil, provocando nos grupos juvenis uma identificação frente ao comportamento e o modo de vestir dos jovens norte-americanos, não sendo, portanto, modificado nenhum de seus padrões originais para se enquadrar na cultura brasileira. Algumas bandas de destaque no cenário brasileiro são a Fresno, uma das primeiras a adotar essa nova estética, e a NX Zero. (NOGUEIRA, 2008)
CONCEPÇÕES, IDEAIS, SEXUALIDADE
A segmentação Emocore preconiza e pratica a tolerância sexual. Muitos emos afirmam que o estilo de vida se assemelha à sexualidade, pois preferem não inibir suas emoções e seus desejos sexuais. A maioria emocore é bissexual, acreditando na “dispersão do amor” justificada pela idéia conceitual de que não se distingue homens, mulheres e suas opções sexuais.
Segundo Regina de Assis, doutora em Educação, formada pela Universidade Columbia, a tolerância é o traço de comportamento que distingue os emos de outros jovens. Essa tolerância se reflete na sexualidade, visto que existe uma flexibilidade em relação a esse tema, pois homens e mulheres se relacionam entre si, ocorrendo relações entre o sexo oposto e entre o mesmo sexo.
A “tribo” dos emos se define como um grupo extremamente emocional e que prefere expor ao invés de reprimir. A intensidade de seus sentimentos é vista de maneira preconceituosa por algumas pessoas que não compreendem essa segmentação social. A luta contra o preconceito é uma das características importantes dos emos, visto que esses são atingidos por porções sociais que os excludem.
Os principais pontos de discussões a respeitos dos Emos é a identidade, preconceito e relações grupais. Segundo Leni (1989), é no contexto grupal que cada pessoa se identifica com outra e ao mesmo tempo diferencia-se de cada uma dela, isso porque mesmo fazendo parte de um determinado grupo, cada pessoa tem sua personalidade, o que é único em cada individuo.
A definição grupal de cada indivíduo também se dá por características comuns ao dos outros membros. Dessa maneira, a identidade da vazão à organização da realidade vivida pelos indivíduos participantes do grupo, o que torna o convívio quase familiar.
Os Emos transparecem suas crenças, concepções e pensamentos de maneiras simbólicas e com poucas expressões verbais. O que mostra o que realmente são os emos são suas roupas, estilo musical, uma certa estranheza de comportamento, que muitas vezes os levam a auto exclusão.
A mídia é algo que vem ajudando os Emos a se “libertar” até certo ponto do preconceito. A peculiaridade das roupas, grandes franjas coloridas, que cobrem os rostos, o uso de acessórios, a maquiagem também era alvo do preconceito e perseguição onde quer que eles se encontrassem, principalmente nas escolas, já que a maioria dos adeptos desse grupo são adolescentes.
Os Emos tem ideais admiráveis que deveriam ser seguidos. Eles tem verdadeira repulsão por pessoas violentas, qualquer tipo de agressão física é altamente reprovada por eles. Os Emos parecem lutar sem armas por um mundo sem violência. O fato de eles não economizarem nas demonstrações públicas de carinho e o de serem pacíficos à intolerância de outras tribos os tornam alvos fáceis da intolerância. Eles pregam a tolerância em todos os sentidos, inclusive na opção sexual. Os Emos costumam dizer não às drogas e ao álcool, embora isso não seja uma regra. Por causa dos desestímulos e rejeição social por grande parte das pessoas os Emos expressão suas opiniões através daquela que se tornou o principal meio de disseminação dessa cultura, a Internet. Com seus blogs, fotoblogs, diários on-line, redes sociais, como o Orkut, e outras que fizeram o preconceito reduzir um pouco e os tornassem a “onda de momento”, ou seja, ser Emo está na moda.
O estilo emo expõe a identidade dos membros dessa segmentação social. A maneira de se vestir expressa o humor, os ideais e a emotividade. A moda é interpretada por quem a vê, gerando diferentes opiniões e tendências, que são características da tribo dos emos, vistos que esses se vestem de maneira específica e com peças que os classificam e que os separam de uma grande porção da sociedade.
O emocore usa camisetas com estampas infantis, com caveiras, com símbolos de suas bandas preferidas, com estrelas, poás, listras e xadrez. As calças são de corte tipo skinny, das clássicas pretas e brancas as cores chamativas, fortes, gritantes. Os acessórios, como cintos, bonés e bolsas apresentam tachas ou rebites, os sapatos tipo all-star são uma característica forte dos emos, muitas vezes usados com cadarços coloridos, seus colares ou pulseiras são inspirados em personagens em quadrinhos como Wilma Flinstones. É importante destacar que cores neutras ou coloridas são usadas de acordo com o estado emocional dessa tribo estudada.
A maquiagem é utilizada de uma maneira extremista, os olhos são fortemente marcados por lápis de olho, delineador preto, rímel, sombras escuras. A boca e a pele são maquiadas neutramente. Os cabelos, normalmente pretos e lisos, apresentam franjas dispostas lateralmente, cobrindo um dos olhos.
O preconceito atinge o grupo dos emos, visto que eles apresentam caracterizações específicas, que não agradam a todos. A maneira de se vestir, o modo comportamental, as idéias e as opções sexuais, muitas vezes não compreendidas pela sociedade, os dispõem em um nicho excludente.
*Trabalho apresentado para a disciplina de Antropologia da Moda. Autores: Carpgiany Santos, Nara Martins, Pedro Oliveira e Roberta Kelvia
Imagens: Reprodução