Hoje, tive uma prova bem interessante na para o Programa de Educação Tutorial do curso de Design de Moda da UFC. Não sei como me sai (o resultado só sairá na quinta-feira), mas os temas trazidos na avaliação são bem legais e super pertinentes com a proposta do Movimente e Pense.
Para dar suporte aos estudos, as orientadoras sugeriram dois textos que traziam, em sua essência, as mudanças ocorridas na sociedade e como essas foram significativas para os processos relacionados à moda.
Como base neles e nos teóricos que alicerçaram a suas escritas, o surgimento da moda está estritamente ligado às inovações tecnológicas, sociais e culturais promovidos pela revolução industrial. Outros autores apontam os séculos XIV e XV como os períodos históricos em que o fenômeno da moda começou a despontar na sociedade européia, notadamente a italiana e a francesa.
Esse fenômeno cultural estabeleceu-se quando o processo de produção do vestuário ganhou mais impulso, havendo uma "democratização" na aquisição de peças de roupa, devido basicamente aos preços, que se tornavam mais acessíveis. A partir desse momento, as classes menos abastadas, tendo mais condições de adquirir alguns produtos, começou a imitar os padrões de consumo das classes mais ricas. Nesse processo (imitação/diferenciação), os ricos procuravam diferenciar-se buscando novos produtos que demonstrassem sua superioridade.
Ver-se, nesse contexto, uma maior consumo de bens (roupas, acessórios, etc.) que eram utilizados para ostentar, dividir classes sociais e mostrar a identidade (status) social do indivíduo.
Porém, com a evolução sócio-cultural do século XX, esse fenômeno alterou-se, havendo a fragmentação da sociedade. A moda, nesse contexto, foi utilizada a serviço de indivíduos que buscavam unir-se por seus estilos e concepções de vida. A noção de classe social foi deixada de lado e os gostos individuais foram exaltados, favorecendo o aparecimento de grupos sociais (tribos). Esses buscavam, na sua grande maioria, diferenciar-se dos padrões ditados pelos ritmos da moda.
A moda também foi (e ainda é) utilizada para distinguir gêneros. No passado, as mulheres, principalmente de classes ricas, utilizavam roupas que mostravam sua condição social: a de reprodução. Como não trabalhavam, as roupas utilizadas adornavam a mulher, trancafiando-a dentro dos limites impostos pela sociedade patriarcal. Já os homens eram ligados à produção e procuravam estabelecer isso em suas roupas, quase sempre austeras e práticas, que possibilitavam o trabalho. Porém, essa condição mudou ao longo dos anos. A mulher passou a reivindicar seus direitos e entraram massivamente no mercado de trabalho. A moda, lógico, acompanhou esse mudança, favorecendo um vestuário mais condizente com os novos anseios femininos.
Em suma, a moda é um fenômeno sócio-cultural, servindo, portanto, para diferenciar os indivíduos, estabelecendo estilos, preferências e identidades pessoais e sociais. A moda é um reflexo do contexto social em que o indivíduo está inserido. Esse processo ainda pode ser classificado como psicológico, na medida em que proporciona a pessoa mostrar-se para os outros utilizando de meios simbólicos para isso.
Referências:
CRAINE, Diana. A moda e seu papel social. Cap. 1 Moda, identidade e mudança social. São Paulo, SENAC, 2006.
GODART, Frédéric. Sociologia da moda. Cap. 1 Afirmação: moda entre o indivíduo e a sociedade. São Paulo, SENAC, 2010.
Imagens: Reprodução
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