Pages

0

Embrião: Uiiiii

Aspectos Antropológicos da Indumentária e a sua função

Mas, para inicio de conversa, o que é roupa? Roupa é todo e qualquer objeto utilizado a fim de cobrir o corpo, sendo que, por vezes, são utilizados acessórios nessas roupas, tais como bolsas, cintos, etc. Aliado a esse conceito, sabemos que a roupa (traje, indumentária) possui várias funções em nossa sociedade, as quais precisamos saber para conhecer como funciona esse fenômeno tão grandioso que é a indústria de confecção e a moda.

“A roupa não tem apenas função de adorno, mas protege o organismo contra as sujeiras, os micróbios, os ventos, as chuvas, o frio e o sol excessivo. A roupa é tão importante para a manutenção da saúde quanto a alimentação adequada e a higiene pessoal”. (LEITE, 1980, p. 107)

Segundo TREPTOW (2003), A indumentária está ligada à evolução humana, tendo em vista que essa vem acompanhando o desenvolvimento do ser e suas transformações na sociedade. Através de uma análise histórica, podemos ver o papel da roupa desde a antiguidade até os dias atuais.

Segundo a Bíblia, a roupa está inserida em um contexto onde o pecado é o tema principal. Quando Adão prova do fruto proibido, tanto ele como Eva notam que estão completamente despidos e, a partir de então, passaram a vestir-se com folhas de figueira. (DANNEMANN, 2009)

Já na pré-história vemos o homem vestir-se para proteger seu corpo das intempéries. Porém, não se pode registrar apenas essa função pragmática nesse período, tendo em vista que muitos historiadores relatam que os caçadores da antiguidade usavam suas peles para receber a força do animal que tinha sido capturado. (TREPTOW, 2003)

Ao longo da história, muitas civilizações fizeram o uso do vestuário para se distinguir socialmente e para mostrar status, trazendo no corpo as marcas da cultura de determinada sociedade e o poder de determinados indivíduos.

Segundo Treptow (2003), nesse ponto estético, podemos já tratar de moda, pois a mesma nasce no momento em que o indivíduo passa a dar valor a sua aparência e tende a querer diferenciar-se dos demais, assemelhando-se a outros, tendo em vista que a moda se dá nesse constante processo de diferenciação e identificação.

Outra função marcante da vestimenta em nossa sociedade é aquela que diz respeito à diferenciação de trabalhos, ou seja, aquela utilizada por médicos, militares, bombeiros, etc. Algumas são utilizadas como meio de proteção (como no caso de médicos que trabalham diretamente expostos a microorganismos), outras têm a utilidade apenas de distinção, tais como os fardamentos escolares das crianças, o fardamento do policial, etc. Outra característica importante, diferenciada pelo tipo de vestuário, é o sexo da pessoa que o utiliza, sendo também uma questão de gênero. (ROUPA, 2009)

O tipo de roupa que um individuo vai utilizar, além das questões supracitadas, ainda podem envolver outros fatores, tais como: proteção contra o frio e o calor; ocasião em que se vai utilizar a peça de vestuário; religião da pessoa; disponibilidade no acesso de materiais para a fabricação da vestimenta; diferença na fabricação; sexo, idade e poder de compra do consumidor. (ROUPA, 2009)

Hoje, podemos ver que a roupa está presente em todos os âmbitos de nossa sociedade, expressando a personalidade do homem e a maneira como esse vive, só que com uma diferença: não se tenta mais esconder-se por traz do vestuário e sim mostrar-se com verdadeiramente é, o que gosta e o que deseja, seus anseios e suas angústias. (INDUMENTÁRIA, 2009)

A Evolução da Indústria do Vestuário: uma análise histórica

Segundo Víctor (2009), a evolução da indústria de confecção pode ser caracterizada por três fatos históricos distintos, que serão discutidos a seguir.

O primeiro deles trata-se da Revolução Francesa, ocorrida em 1789. Essa grande revolução, que marcou e influenciou a história mundial, teve, como principais causas: o governo absolutista do rei (Luis XVI), a desordem administrativa, os gastos elevados na participação de batalhas e no luxo dos poderosos e a crise financeira. Para piorar a situação o governo francês assinou em 1786, com a Inglaterra, um tratado que permitia a entrada do vinho francês com baixas tarifas alfandegárias em território britânico. Em troca os tecidos ingleses puderam entrar na França com os mesmo direitos, o que afetou a industria manufatureira francesa. A partir de então, surgiu uma onda de falências, acompanhada de desemprego e queda de salários, arruinando o comércio nacional. (VICENTINO, 2000)

Portanto, as maiores causas dessa grande revolução foram econômicas, sendo que as riquezas eram mal distribuídas e a crise na produção agrícola permitiu para a geração de uma grande onda de miséria e fome na França. Deu-se, no meio dessa crise, a revolta. (REVOLUÇÃO FRANCESA, 2009)

Com medo dessa onda se espalhar pelo resto da Europa, vários países organizaram-se para deter a entrada do pensamento revolucionário em seu território, tais como a Inglaterra, Espanha e Holanda. A Inglaterra, como seu grande poderio econômico e militar, destacava-se, então, como grande inimiga da França, tomando o espaço desta como grande potencia mundial, política e econômica. (VICENTINO, 2000)

De acordo com Victor (2009) Nesse contexto, a grande influencia da Revolução Francesa para a Indústria de Confecções deveram-se as estratégias utilizadas por Napoleão Bonaparte para tirar a França da crise econômica travada contra a Inglaterra, detentora em acessão do poder na Europa. O mesmo contratou um costureiro que fez a difusão da moda francesa para o resto do mundo, sendo que essa moda tornou-se sinônimo de elegância e boa condição social, tornando-a objeto de desejo da elite. Essa ação proporcionou um aumento na produção têxtil e, consequentemente, no consumo de tecidos.

O segundo marco histórico trata-se da Revolução Industrial. Essa se iniciou na Inglaterra durante da segunda metade do século XVIII e foi impulsionada pelo surgimento de máquinas e das grandes fábricas. Esse evento proporcionou a saída de um sistema completamente artesanal (manual) de produção para um sistema mecânico e fabril, o que, a partir disso, iria repercutir definitivamente para o processo produtivo nas indústrias em ascensão. (PEINALDO; GRAEML, 2007)

Segundo Peinaldo e Graeml (2007), a chamada primeira Revolução Industrial ocorreu especificamente na Inglaterra, com preponderância para as atividade relacionadas ao setor têxtil.

A Revolução Industrial, de acordo com Victor (2009), foi importante devido às inovações tecnológicas advindas com a mesma, como, por exemplo, a fabricação do primeiro tear mecânico, a descoberta da tinta acrílica (dividindo cores para ambos os sexos) e a invenção da máquina de costura, em 1851 por Isaac Singer, que proporcionaram um aumento da produção nas indústrias.

Tal marco histórico, como supracitado, influenciou toda a cadeia industrial, trazendo um enorme numero de conseqüências para a vida do homem que acompanhava esse processo.

A partir de então, passa a ser registrada as duras situações de trabalho que viviam os operários. Alguns eram tratados sob regime de escravidão, trabalhando mais de doze horas por dia. Isso sem falar nos direitos que eram completamente isolados, tais como férias, assistência médica, segurança no trabalho, etc., sendo constante o registro de doenças (tuberculose, coqueluche, caxumba e varíola) no âmbito fabril. (PEINALDO; GRAEML, 2007)

Segundo Galvêas (2009), outra grande conseqüência da Revolução Industrial foi o crescimento demográfico, causado pelo êxodo rural, que atingiu níveis inconcebíveis para a época. Esse excesso de mão-de-obra proporcionou, para o dono dos meios de produção, uma facilidade de encontrar pessoas disponíveis para o trabalho dentro das fábricas, por um salário irrisório, insuficiente até mesmo para a subsistência destes, caracterizando a chamada fase do “capitalismo selvagem”.

Com o aumento da mão-de-obra e crescente evolução tecnológica dos meios de produção, ocorreu o desejo de especialização dos operadores, a fim de aumentar o nível de produção. Essa ação proporcionou a produção em série e, consequentemente, as linhas de montagem. Outra característica dessa época era a fabricação especializada de apenas um produto. Esse pensamento ficou conhecido como fordismo e teve apoio de outras teorias, como o taylorismo, “que visava buscar o aumento da produtividade, controlando os movimentos das máquinas e dos homens no processo de produção”. (VICENTINO, 2000, p. 287)

O terceiro e último grande acontecimento histórico impulsionador da Indústria têxtil foi a Segunda Guerra Mundial, que começou em 1939 e teve seu término em 1945. Essa ocorreu devido ao aumento do imperialismo, do nacionalismo e, principalmente, da indústria bélica. Outro fator importante para a explosão da guerra foi a crise econômica em que o mundo encontrava-se, desde o declínio que ocorreu em 1929. (SEGUNDA GUERRA MUNDIAL, 2009)

Segundo Schwartzman (1989), antes da Segunda Grande Guerra havia uma produção industrial, especialmente de tecidos, quase que tradicional, sendo que as pesquisas científicas e os avanços tecnológicos eram bem pequenos. Nesse contexto, a guerra influenciou na difusão da especialização técnica, o que causou grandes impactos na organização industrial.

Aliado a isso, o sistema capitalista cresceu de forma ascendente, estimulando definitivamente o consumo, o que causou aumento na produção das indústrias. Para tanto, foram criados outros maquinários específicos, que proporcionaram o aumento dessa produção, como, por exemplo, a overlock e a interlock, a máquina de passar e a de corte. (VÍCTOR, 2009)

A partir de então, vemos um crescente aumento do número das fábricas destinadas à produção do vestuário, devido, principalmente, a facilidade de estruturação do ramo, da mão-de-obra barata, a simplicidade dos processos e dos incentivos do governo.


Fotos (Fonte):

http://www.gehspace.com/edicao%2059%20imagens/MITZURA%20SALGIAN%20-%20Virgo.jpg

http://www.mmjlda.com/imagens/content/empresa.jpg

0 Gostou? Comenta Aqui!:

Back to Top